Além de recolher o lixo, voluntários tentam conscientizar a população sobre a poluição da praia.
Sacos plásticos, luvas e conscientização. Este é o tripé que leva os voluntários do grupo Consciência Limpa, sempre no primeiro domingo de cada mês, a percorrer praias e parques de Fortaleza dispostos, não só a limpar os lugares por onde passam, mas a incutir na população uma mudança de atitude: conservar a cidade sempre limpa. Ontem, o local contemplado foi a região da Beira-Mar até a Praia de Iracema, para onde se deslocaram cerca de dez voluntários do grupo, que se prontificaram a fazer a coleta de lixo e conversar com os frequentadores.
O trecho, apesar de ser um dos cartões postais mais importantes da cidade, reflete o descuido dos órgãos públicos, considera Maria Clara Martins, uma das participantes do grupo. “A limpeza realizada aqui é bem superficial. O lixo retirado são os mais visíveis, como cocos. Materiais como ponta de cigarro, canudos e isopor permanecem espalhados pela faixa de areia”, afirma.
O grupo teve de voltar pela terceira vez ao local em sete ações já promovidas em todas as praias e parques. “Nós conseguimos reunir, em cada ação neste trecho (início da Beira-Mar até o Náutico), cerca de 20 a 30 sacolões de lixo”, destaca Maria Clara Martins.
Ela salienta que a iniciativa é muito bem recebida tanto pelos barraqueiros como frequentadores, que elogiam as ações e se sentem motivados a ajudar na limpeza. A questão é que, apesar da boa vontade, eles esbarram na falta de estrutura. “O problema é que quase não existem lixeiras nas faixas de areia”, aponta.
Francisco Jorge Vieira, que trabalha em uma barraca da Beira-Mar, diz que a limpeza da areia é realizada três vezes por dia, e os dejetos são colocados em recipientes próprios para aguardar a coleta de lixo da Prefeitura. “O que não dá é fazer a coleta o tempo todo. A gente até já colocou umas lixeiras improvisadas de plástico em cada barraca para os frequentadores colocarem o lixo, mas tem gente que quebra, depreda tudo”, reclama.
Ainda com toda a sujeira na faixa de areia da Beira-Mar, o local não é o que está em pior estado. “A praia da Leste-Oeste é a mais suja de Fortaleza”, elege Maria Clara. “Por todo lugar, a sujeira está presente, na área de residência, faixa de praia. Desde papel com dejetos humanos até objetos de macumba espalhados a gente encontra”.
Idealização
O grupo Consciência Limpa foi idealizado pelo estudante Lucas Moreira Lima, de apenas 17 anos. Entusiasmado com projetos como Praia Limpa, no Rio de Janeiro, postou no site de relacionamentos Facebook a necessidade de uma iniciativa como essa em Fortaleza e passou a arregimentar voluntários.
Hoje, conta com 300 membros na rede social. Desde março, o Consciência Limpa já fez sete ações, retornando sempre aos locais com mais problemas.
SÍLVIA TEIXEIRA
REPÓRTER – Jornal DIÁRIO DO NORDESTE, 01.10.12
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1187550