Pesquisadores de universidades do Brasil e Reino Unido, em parceria com a Cogerh e Cagece, testam sistema que melhora qualidade da água utilizando fotocatálise heterogênea; pesquisa segue em andamento

As precipitações irregulares e a baixa renovação da massa de água, comuns no Ceará, são fatores favoráveis não só ao processo de escassez de água, mas também ao fenômeno da eutrofização nos reservatórios hídricos. Diante dessa condição, pesquisadores de Universidades do Reino Unido, em parceria com universidades brasileiras, além da Cogerh e Cagece, estudam a viabilidade de um sistema barato e ecologicamente correto que se apoia no uso da luz e dióxido de titânio (TiO2) para melhorar a qualidade da água.

O engenheiro da Cogerh, Mário Barros, está no Reino Unido participando das discussões acerca do experimento. O projeto já foi testado em primeira mão em condições naturais controladas (mesocosmo) no açude Gavião, em outubro de 2019. E o resultado foi positivo: o experimento controlou as cianobactérias no meio. As amostras colhidas após o experimento  foram levadas até o Reino Unido para análises criteriosas. Os testes mostraram que usando a tecnologia de fotocatálise heterogênea, a água apresentou uma redução na concentração de cianobactérias.

Agora, os pesquisadores vão ajustar alguns componentes do sistema e introduzir painéis solares como fonte de energia. “Esta é uma solução discutida pelo grupo, visando a autonomia e a sustentabilidade energética do experimento”, explica Mário. Uma das demandas da Companhia foi uso do experimento no Eixão das Águas. “Levei essa possibilidade,  tendo em vista a importância dessa estrutura para nossa rede hídrica”, explica Barros. A Cogerh também estuda, junto aos pesquisadores estrangeiros, a viabilidade do projeto em outros locais estratégicos, como áreas próximas ao ponto de captação das estações de tratamento (ETAs).

O projeto envolve as Universidades Federais do Ceará e do Rio de Janeiro, com parceiros do Reino Unido (Robert Gordon University em Aberdeen, Universidade de St. Andrews, na Escócia; e Queen’s University em Belfast, Irlanda do Norte) e com o apoio da Cagece e da Cogerh, através das gerências Metropolitana e de Desenvolvimento Operacional, vinculadas à Diretoria de Operações.

Entenda

As cianobactérias presentes em ambientes eutrofizados e seus metabólitos secundários tóxicos podem representar um risco para a água potável. Aplicando um processo físico-químico chamado fotocatálise heterogênea, os parceiros do projeto buscam fornecer um sistema de tratamento barato e ecologicamente correto, que se apoia na energia solar e no uso de produto químico chamado dióxido de titânio (TiO2) para melhorar a qualidade da água. Com a ação da luz, juntamente com TiO2, é criado um poderoso oxidante que pode remover organismos, principalmente as cianobactérias, e compostos orgânicos indesejáveis da água potável sem afetar a segurança ou a qualidade da água.

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