Transposição do Rio São Francisco e Cinturão das Águas (CAC) também foram discutidos
O Comitê da Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Salgado (CBH Salgado), como um dos cinco comitês estratégicos que compõem a bacia do Jaguaribe, é fundamental para a região centro-sul do estado. E seguindo a tendência observada no restante do Ceará, a recarga dos açudes locais trazida pelas chuvas em 2020 tem sido mais positiva do que nos anos anteriores, garantindo água para o abastecimento humano até 2021. Esse foi o panorama da região apresentado pelo gerente da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos – Cogerh no Crato, Alberto Medeiros, em transmissão ao vivo na última terça (26).
A live foi promovida pelo CBH Salgado, e contou com a participação de Alberto e de Wyldevânio Vieira, presidente do comitê. Na ocasião, o presidente deu início ao bate-papo explicando sobre a atuação dos comitês de bacia e os destacou como espaços de deliberação e de gestão participativa, abrangendo os diversos setores da sociedade (divididos entre usuários, sociedade civil, prefeituras e órgãos do governo estadual/federal). “Os comitês permitem que a própria população decida como a água da região será utilizada, por meio das reuniões de alocação”, afirma.
Atualmente, o volume hídrico acumulado do estado corresponde a 34% da capacidade total, Citando os açudes da bacia do Rio Salgado, Alberto considera que a recarga até agora tem sido positiva: “Há poucos anos, nessa época estaríamos falando em garantia de abastecimento por três meses, e agora estamos falando até o ano seguinte”. Mesmo que seja um motivo para comemorar, o gerente ressalta que o uso responsável dos recursos hídricos é fundamental: “Temos que entender que moramos no semiárido, região onde chove pouco e evapora muito. Precisamos ter em mente que a água que temos é para o futuro, e ela deve ser preservada”.
São Francisco
Sobre o Projeto do Rio São Francisco, Alberto conta que as águas da transposição já estão no reservatório de Milagres (PE), último açude a receber água antes do Ceará. A previsão é que a água encha a barragem Jati (CE) em agosto. “A partir daí, a água vai percorrer o trecho emergencial do Cinturão das Águas, o CAC, que já está pronto para operação, e chega ao Salgado, depois ao Jaguaribe e então ao açude Castanhão”, explica o gerente. O CAC será ainda complementado com o Projeto Malha d’Água, que mais uma vez estabelece o Ceará como um estado de referência na gestão dos recursos hídricos.
Para Alberto, a distribuição e o uso da água são assuntos que ainda devem ser discutidos em mais profundidade pelo sistema hídrico do Estado. “As águas do São Francisco foram liberadas para o consumo humano no Ceará e na Paraíba, mas este é um recurso caro, e que deve ser usado com extrema responsabilidade. Ressalto que, para o Estado, só é usuário de água quem tem outorga, então devemos continuar promovendo o uso consciente dos recursos hídricos”, afirma.
Na parte final da transmissão, os participantes tiveram a oportunidade de tirar dúvidas, que foram esclarecidas pelo gerente e pelo presidente. Ambos realizaram suas considerações finais e agradecimentos. “O objetivo do comitê de bacias é esse, chegar mais perto das pessoas”, finalizou Wyldevânio.