Por enquanto, as informações da meteorologia estão sendo confirmadas. Os prognósticos realizados pelos institutos especializados apontaram, desde o início do ano, as condições características de uma estação com baixos índices de pluviosidade.

No Ceará, especialmente os agricultores, dependentes das chuvas para a garantia da produção agrícola, traduzem a situação como inverno fraco ou uma seca verde. De fato, é isso, afinal, o que vem ocorrendo. As chuvas, iniciadas com atraso, registram má distribuição no tempo e no espaço.

A natureza não prega aviso. Assim, causou estranheza o curto, mas intenso, período de chuvas que contemplou o Cariri, em outubro e novembro passados, dando margem para que os agricultores antecipassem o plantio de milho e feijão, culturas tradicionais do sul do Ceará. Apesar dos veranicos, a safra será acrescida dessa produção extra.

Entre dezembro e janeiro, período considerado como pré-estação, a média de chuvas no Ceará foi de 55,8 mm, apresentando resultado 54,5% menor do que a média histórica, de 122,7mm. As precipitações, por região, demonstram, naqueles meses, o baixo nível de chuvas: 109,5 mm no Cariri; 57 mm na Região Jaguaribana; 56,2 mm no Sertão Central e nos Inhamuns; 53.2 mm no Maciço de Baturité; 47,6 na Ibiapaba; 32,7 no Litoral Norte; 31,3 no Litoral de Fortaleza; 19,1 no Litoral de Pecém.

Pelas estatísticas da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos, a média de quanto choveu, no Ceará, entre dezembro e janeiro passados, foi de apenas 55,8mm. Esse nível baixo apenas comprova as previsões do inverno irregular, anunciadas pelas agências meteorológicas, de forma suave.

Por ocasião dos festejos do Dia Mundial da Água, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) dirigiu apelo à comunidade internacional para reduzir o desperdício de alimentos que chega a 1,3 bilhão de toneladas por ano. A diminuição de 50% nessas perdas permitiria economizar 1.350 km³ de água, pois a agricultura e o consumo hídrico estão conectados.

A agência das Nações Unidas estima em 1,6 bilhão de pessoas a população vivendo em países com absoluta escassez de água. E mais: em 2025, dois terços da população do Planeta poderão viver sob condições de estresse hídrico, como ocorre no semiárido. Os técnicos têm como certo que o êxito do combate à fome depende da gestão dos mananciais hídricos em escala mundial.

As chuvas estão se verificando, embora de forma irregular, com baixa pluviosidade no Sertão Central e nos Inhamuns. Os veranicos disseminados por todas as regiões têm sido responsabilizados pela frustração da safra agrícola. Os Levantamentos Sistemáticos da Produção Agrícola, realizados pelo IBGE, indicam recuo na expectativa da produção agrícola para 2012, antes estimada em 1,4 milhão de toneladas de grãos.

Já se cogita até do plano alternativo de assistência para 106 comunidades rurais mais afetadas pela escassez das chuvas. Elas seriam atendidas com o suprimento de água por carros-pipa, com a distribuição de cestas básicas e o fornecimento de auxílio financeiro emergencial, a cargo da Secretaria de Desenvolvimento Agrário.

Nessa expectativa de seca verde, há, pelo menos, a possibilidade de água suficiente para consumo humano e animal, e de pasto, resultante das chuvas esparsas. Quanto às populações rurais atingidas, um esquema antecipado de socorro evitará o agravamento do quadro.

FONTE: Editorial Diário do Nordeste, 03.04.2012

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